Despiu a saudade depois do jantar Num prato já frio de tanto esperar Aquele que bebe nos tascos da vida Rodadas de amantes de tara perdida E chega tão cheio de nada p'ra dar
Sacudiu o pó desse amor primeiro Num canto guardado do seu coração Aquele retrato parado no tempo Que morde por fora, magoa por dentro Num corpo vazio de tanta ilusão
Mas de repente como um sol depois da chuva Surgiu a noite transformada em alvorada Vai p'ró espelho, faz-se bonita Lábios vermelhos, corpo de chita Vestido na pressa de quem sai já atrasada Brilho nos olhos, ar de menina Livre e rainha, de tresloucada Saltou p'rá lua, na minha rua na madrugada
Trago o coração à flor da boca E a sina escrita na palma da mão Foram tantos anos sem imaginar O dia sonhado da noite mais louca Nas ruas da vida com ela a dançar